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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Da impossibilidade de Deus

Um atributo essencial de Deus é a sua onipresença. S. Tomás Aquino sustentava também que ele estava, de alguma forma, fora do tempo e não poderia sofrer efeitos temporais. Mas, como aponta o escritor francês Richard La Croix,
se Deus é mesmo onipresente, então ele poderia ter estado na sede das Nações Unidas tanto ontem quanto anteontem. E se Deus esteve nas Nações Unidas tanto ontem quanto anteontem, ele esteve no tempo e, portanto, possui um predicado temporal. Então, parece que Deus não pode ser um ente extemporal se ele for onipresente e, assim, as duas doutrinas cruciais da teologia de Tomás de Aquino são logicamente incompatíveis.
E como se poderia provar a onipresença divina, mesmo se fosse possível, se ele simplesmente não é visível (ou não pode ser visto por alguém vivo)? Por que o Todo-Poderoso se esconde?

Outro atributo exclusivamente divino, a onisciência, cria ainda mais problemas:



  • Se Deus sabe de todas as coisas, então ele sabe tanto o que o homem quanto o que ele vão fazer. Sendo assim, como o livre arbítrio é possível?




  • E se ele sabe que alguém vai cometer um crime e, sendo onipotente que é, não fizer nada para impedir, que raio de Deus imoral é esse?


Qualquer pessoa que pudesse impedir um crime — seja um assassinato ou um ataque terrorista — acabaria fazendo-o, fosse pela fama, pela coragem, pela compaixão, pelo amor ou, simplesmente, por dever do ofício. E Deus não tem deveres diante de cada um de nós? Ou será que nenhum sentimento ou emoção é capaz de fazê-lo agir (a não ser a ira diante da blasfêmia)? Por que ele se contenta apenas em exigir hábitos antiquados e conservadores que não impedem as injustiças do mundo?

O Todo-Poderso, afinal, não tem poder algum. A não ser os poderes de iludir e escravizar as pessoas que insistem em acreditar nele tão ingenuamente quanto um adolescente que crê no Papai-Noel.

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