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quarta-feira, 9 de julho de 2008

"Ao infinito e além"?

Já faz quase 50 anos que chegamos ao espaço e vimos que a Terra é um pálido ponto azul, mas a exploração espacial é só isso?


Em 1961, o cosmonauta soviético Iuri Gagarin foi o primeiro homem a ver a Terra tal como ela é: azul, cheia de nuvens e sem fronteiras. Oito anos depois, em 20 de julho de 1969, o astronauta norte-americano Neil Armstrong, o primeiro homem a por os pés na Lua disse: “É um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”. Não demorou para começarmos a sonhar com visitas a Marte e, talvez, a Vênus, nossos vizinhos mais próximos. Nos anos 70, porém, confirmou-se a hipótese de que Vênus possuía uma atmosfera densa e ácida e que a temperatura na superfície superava os 400ºC. Riscamos Vênus de nosso itinerário. Voltamos nossos olhos para o planeta vermelho, e vimos que os marcianos não existem – a não ser que sejam micróbios ainda desconhecidos.


Mas não foram essas descobertas que acabaram com as viagens espaciais tripuladas. Na verdade a conquista do espaço só ocorreu ainda nos anos 60 por uma série de fatores não apenas científicos ou técnicos, mas também – e infelizmente – políticos. O mundo estava no auge da Guerra Fria – a polarização político-econômica que surgiu no pós-guerra. Na verdade, a noção de que não houve conflitos armados na Guerra Fria é um erro. As Guerras da Coréia e do Vietnã foram puramente ideológicas e, ainda assim, foram os piores conflitos do pós-guerra. Em suma, o que não houve foi uma guerra nuclear e era essa a maior tensão daquele período.


Os foguetes, porém, começaram a ser pesquisados bem antes da II Guerra. Em 1926, o cientista americano Jean-Luc Goddard começou a pesquisá-los com o intuito de mandar uma expedição à Lua. A sociedade científica da época desacreditou os trabalhos de Goddard, e ele morreu antes do início da era espacial. Hoje, Goddard é reconhecido como pioneiro. Mais tarde, já durante a II Guerra, o engenheiro alemão Werner von Braun desenvolveu a bomba-voadora V-2, usada para bombardear a Inglaterra. A mecânica por trás da bomba era essencialmente a mesma por trás dos foguetes espaciais – exceto pelo fato de que foguetes espaciais úteis não explodem. Após a guerra von Braun migrou para os Estados Unidos e foi um dos primeiros engenheiros da Nasa.


Mas quem deu o pontapé na corrida espacial foi a URSS com o satélite Sputinik, em 1957. A Nasa foi fundada em 1958, com apoio dos militares americanos. Alguns anos depois já tínhamos homens no espaço – ou melhor, nas vizinhanças da Terra.


Nas vizinhanças da Terra

Com exceção das missões tripuladas à Lua – todas missões americanas, realizadas entre 1969 e 1972 – nenhum astronauta ou cosmonauta foi além de algumas centenas de quilômetros de distância da órbita da Terra. Em média, a distância alcançada é de 300 km. Em comparação, a Lua está a 400.000 km de distância e Marte, por exemplo, a cerca de 50 milhões de km da Terra. O Universo como um todo, tem uns 13 bilhões de anos-luz (cada ano-luz vale 9,5 trilhões de quilômetros). Não se pode dizer, portanto, que estamos explorando o espaço. Estamos, no máximo, sobrevoando a Terra de um modo muito mais caro e fazendo descobertas relativamente óbvias. Por exemplo: ausência de gravidade não faz bem aos sistemas ósseo e muscular. Por outro lado, as plantas também crescem sem gravidade.


Alguns podem argumentar que a exploração espacial nos trouxe alguns benefícios, como relógios digitais, laseres, telas de LCD, uso de energia solar, computadores e mesmo a internet. Mas será que precisávamos ir “lá fora” a um custo de bilhões de dólares, durante décadas, para ter tudo isso? É claro que não. É por isso mesmo que os americanos desistiram de continuar a explorar a Lua e mandar homens a Marte. É muito mais barato – e seguro – mandar sondas-robôs.


Por outro lado, o custo de missões espaciais, tripuladas ou não, continua alto mesmo após décadas de desenvolvimento por um motivo simples: poucos paises se arriscam nesse negócio e os poucos que o fazem, fazem sozinhos. Não agências espaciais associadas. Os EUA têm a Nasa, o Japão tem a Jaxa, a China, a CNSA, Índia, a ISRO, e a Rússia, a RKA. O que mais se aproxima de uma associação espacial supra-nacional é a ESA, a agência espacial européia. A ONU, por sua vez, não tem agência, e sim uma espécie de “departamento jurídico” dedicado a assuntos relativos ao espaço (OOSA). Os países do mundo ainda não perceberam que a cooperação internacional reduziria os custos. Além disso, a exploração nacional do espaço exterior não tem sentido, pois a ONU afirma que nenhuma nação tem direito a territórios extraterrestres.


Agora, volta-se a falar de “exploração espacial”. Estados Unidos e China prometem homens na Lua, de novo, na década de 2020 e, talvez, até, Marte, na década seguinte. Mas não será o começo definitivo da era da exploração espacial. Será fogo de palha mesmo, por que, infelizmente, ainda não estamos prontos a cooperar.

Um comentário:

  1. Me gustó mucho tu blog. Lo encuentro muy interesante. Me pasaré por él tanto como me sea posible. Posiblemente el mío te guste también!

    Des de Barcelona, España,

    Javi

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